sábado, 27 de fevereiro de 2010

Em busca da Terra do Nunca.

Primeiro de tudo, minha intenção nunca foi trazer assuntos pessoais pra cá, mas como dizem “Pergunte a quem está voltando”, eu estou voltando com uma experiência que pode ajudar os marinheiros de primeira viagem em vestibular. Pensem muito bem nas suas escolhas.

Acho que este é o momento mais difícil que já vivi nesses 19 anos de existência. Não sei nem por onde começar dentre tantas angústias, sentimentos, decisões e suas conseqüências. Estou vivendo num estado constante de nostalgia, indecisão e, ao mesmo tempo, medo. Medo do futuro, medo de me arrepender das minhas escolhas novamente, medo de arriscar.

Acabei de fazer minha inscrição de disciplinas para esse semestre. Minha grade está uma zona, estou no 5° período mas só pude pegar duas matérias do 3° e uma do 5° (isso porque tenho uma matéria do 4° que está presa). Quando a coordenadora do meu curso viu minha grade, fez uma cara de desaprovação – típica de professores do Serviço Social – e perguntou se era isso mesmo, eu confirmei. A situação seria realmente desesperadora se eu não pretendesse desistir.

Desistir soa tão pejorativo. Me sinto covarde ao ver a situação dessa maneira, como se eu ainda pudesse lutar, me dedicar mais um pouquinho... eu sei que é isso que as pessoas pensam, mas faculdade não é pra “se esforçar para gostar” mas “gostar para se esforçar”.

Quando cheguei em casa, contei aos meus pais a situação da minha grade e falei sobre o período de trancamento. Eles já sabiam mas reagiram reprovando minha decisão. Típico, já estou mais que acostumada a ter que lutar pela aceitação deles em relação às minhas escolhas, mas nesse momento que eu estou vivendo, me atingiu em cheio. Como se já não fosse suficiente essa tempestade de sentimentos ruins. Tudo que eu precisava agora é apoio, ajuda pra ver a luz no final desse túnel em que me enfiei há 2 anos, e não ter aulas sobre o futuro do pretérito: você deveria ter feito isso e aquilo...

Desde quando comecei a faculdade eu venho sofrendo esse embate. Amigos testemunharam cada uma das crises de identidade que tive com o curso, todos me aconselharam a correr atrás do meu sonho, mas eu, como sempre, escolhi o caminho mais fácil e resolvi empurrar com a barriga, quer dizer, me empurrar pro fundo do poço.

O mais difícil disso tudo é lidar com a “perda” da única coisa que me manteve ali até hoje: meus amigos, nosso ambiente, aquelas mesas do lado da rampa em que todos matam aula sem o menor escrúpulo pra jogar carta, aquela quadra em que acontecem as peladas mais engraçadas com as pessoas mais engraçadas, os Lá-ta-rolando na Tia, as festas... Eles vão continuar lá no mesmo lugar, disponíveis, fazendo as mesmas coisas, mas eu não. Nunca mais vai ser a mesma coisa.
Acontece que no período passado eu cheguei no meu limite de Serviço Social e, mesmo sendo tentador, não dá mais pra continuar de brincadeira empurrando a coisa séria com a barriga porque eu tenho um futuro pra construir.

Tomei a decisão com muita certeza, como se fosse conseguir num passe de mágica o que não consegui fazer em 2 anos. Preciso largar esses “narcóticos”, mas não é nada fácil lidar com a perda, com mudanças. Principalmente pra mim, a acomodada mor. Ir a UFF hoje foi um sacrifício, subir aquela rampa, andar por aqueles corredores em clima de despedida. Meu coração ta apertado até agora.

Essa é só uma parte do problema.

Depois de 4 anos, hoje terminei o curso de inglês. Não estou feliz como deveria por conta disso tudo que ta acontecendo e porque não gosto quando acabam certas etapas da vida. Por mim, ficaria no ensino médio e faria curso de inglês para sempre sem que isso fosse considerado vagabundagem. Enfim cheguei a palavra chave: vagabundagem. Quando conversei com meus pais, eles perguntaram quais são meus planos agora que o curso acabou e que eu vou trancar a faculdade. “Ficar em casa é que você não vai!”
Realmente não planejo ficar em casa mas não é nessa velocidade que anda a carruagem. Se ficar em casa esperando o desenrolar natural das coisas for me custar olhares reprovadores e sermão diário, sinceramente não sei o que vai ser de mim.

O plano por agora é trabalhar, começar minhas aulas de teatro e quem sabe trabalhar e fazer uns cursos fora do Brasil pro meio do ano. Meu Jornalismo ainda não tem data prevista. A questão é que nada disso vai me custar pouco e nada vai cair do céu. E eu não sei por onde começar.

Não sabia que crescer era tão difícil.

Um comentário:

  1. Imprime e guarde esse texto. Daqui uns dez anos espero que você o releia e lembre dos bons tempos do ensino médio e da uff. Vai se encher de satisfação vendo que conseguiu passar por vários obstáculos. Tem mais por vir.
    Keep walking!

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